Tuesday, October 27

François Truffaut




Filmgrafia:

1983 - De Repente, Num Domingo (Vivement Dimanche!)
1981 - A Mulher do Lado (La Femme d'à Côté)
1980 - O último metrô
1978 - O amor em fuga
• 1978 - La chambre verte (O quarto Verde)
1977 - O homem que amava as mulheres
1976 - Na idade da inocência
1975 - A História de Adèle H. (L'Histoire d'Adèle H.)
• 1973 - A noite americana
1972 - Uma jovem tão bela como eu
1971 - As duas inglesas e o amor
• 1970 - Domicílio conjugal
• 1970 - O Garoto Selvagem (L'Enfant Sauvage)
1969 - A Sereia do Mississipi (La Sirène du Mississipi)
• 1968 - Beijos proibidos
• 1967 - A noiva estava de preto
• 1966 - Fahrenheit 451 (Fahrenheit 451)
1964 - Um Só Pecado (La Peau Douce)
1962 - Tire au flanc
1962 - epis. Antoine et Colette
• 1961 - Uma Mulher Para Dois (Jules et Jim)
• 1960 - Atirem no Pianista (Tirez Sur le Pianiste)
• 1959 - Os Incompreendidos (Les Quatre Cents Coups)

Nesse site,os filmes de Truffaut com suas respectivas notas.

definições.

"Está sempre com, pelo menos, uma doença. O dia que ela sarar de todas, morre. O normal dela é estar com algum bode. Pode ser físico ou mental. Se for os dois juntos, aí é a glória."

Mário Prata me definindo, assim sem querer.

frases.


"Esta não é uma boa hora para se fazer inimigos".
Voltaire, filósofo francês (1694-1778), quando o padre de extrema-unção lhe pediu para renegar o demônio.
Espertinho.

Monday, October 26

Arial x Helvética

Depois de um bom tempo ouvindo falar da tal Helvética, resolvi pesquisar.
(Mentira, na verdade achei um teste no twitter, vi que não entendia nada e fiquei com o ego profundamente ferido).
A fonte é linda. A fonte não está no meu computador. A fonte não aparece no site onde eu sempre baixo fontes. Tensão. O que eu descubro? Que a fonte não pode ser baixada de graça. Ela custa em média 24 Euros pelo site Linotype. Mas como assim? Se hoje dá pra baixar até CD dos Beatles? Muito famosa pro meu gosto.
Mas ainda assim linda.
Pra quem já fez/está cagando e andando para o teste.

amor em mínuscula

"Faltava um suspiro para que o ano acabasse e começasse outro. Invenção humana para vender calendários. Afinal de contas, decidimos arbitrariamente quando começam os anos, os meses e até as horas. Organizamos o mundo como queremos e isso nos deixa tranquilos. É possível que, sob um caos aparente, o universo tenha, apesar de tudo, uma ordem. Mas, sem dúvida, não é nossa."
Francesc Miralles, Amor em Minúscula

Monday, August 17

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a thing of beauty is a joy forever.

Wednesday, August 5

Cantando na chuva

Estúdio quer fazer sua produção sonora e estrelada por Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen), o casal celebridade do cinema mudo. A idéia é um musical. O problema é que além de não saber cantar, Lina Lamont tem uma voz horrível. Surge a estreante Kathy Selden (Debbie Reynolds), por quem Lockwood se apaixona imediatamente. Entre brigas e discussões, a jovem Selden leva a melhor. Com a trama passada em 1927 - ano do lançamento de ''O Cantor de Jazz'', o primeiro filme falado da história - ''Cantando na Chuva'' faz sátira com a própria Hollywood e é considerado um dos maiores musicais já realizados.

Singin' in the Rain | 1952.

Anos 20. A ruidosa chegada do som foi geral. Não só afetou o conteúdo e o estilo dos filmes, mas a estrutura da indústria. O efeito artístico foi a imobilização da câmera e da ação nos estúdios. Apesar do sucesso de bilheteria, muitos dos primeiros filmes falados eram de má qualidade - peças adaptadas repletas de diálogos, atuações artificiais (de atores inexperientes) e câmera ou microfone imóvel. Esse período de transição foi inteligentemente recriado em Cantando na Chuva.
Ironicamente, a canção de Debbie foi dublada por Betty Royce, não creditada.

O filme é maravilhoso. Divertido, romântico, a trilha sonora é fantástica, as danças são impecáveis e o elenco não deixa nada a desejar.
visto em: agosto de 2009.

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Gene Kelly.

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Debbie Reynolds.

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Donald O'Connor.

O grande ditador

"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício.
Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja.
Gostaria de ajudar, se possível, judeus, gentios, negros, brancos...
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros.
Os seres humanos são assim.
Desejamos viver para a felicidade do próximo, não para seu infortúnio.
Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros?
Neste mundo há espaço para todos.
A terra que é boa e rica, pode prover a todas as necessidades.
Caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, nos extraviamos.
A cobiça envenenou a alma das pessoas...
Levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e a morte.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela.
A máquina que produz abundância, tem-nos deixado em penúrias.
Nossos conhecimentos fazem-nos céticos; nossa inteligência em pessoas duras e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que máquinas, precisamos de humanidade.
Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura.
Sem essas feições a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximam-nos muito mais.
A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade da pessoa humana, um apelo à fraternidade universal, à união de todos nós.
Neste mesmo instante minha voz chega a milhões de pessoas por este mundo afora.
Milhões de desesperados, homens e mulheres, criancinhas, vítimas de um sistemas que tortura seres humanos e encarcera inocentes.
Aos que me podem ouvir, eu digo: "Não se desesperem!"
A desgraça que tem caído sobre nós não é mais produto da cobiça em agonia, da amargura de pessoas que temem o avanço do processo humano.
As pessoas que odeiam desaparecerão.
Os ditadores sucumbirão e o poder que do povo foi roubado há de retornar ao povo.
E assim, enquanto morrem pessoas, a liberdade nunca perecerá.
Companheiros, não vos entregueis a seres humanos brutais que vos desprezam, que vos escravizam, que arregimentam as vossas vidas, que ditam os vossos atos, as vossas idéias, os vossos sentimentos!
Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano, que vos utilizam como carne para canhão!
Não sois máquinas! Pessoas é que sois!
E, com amor da humanidade em vossas almas!
Não odieis!
Só odeiam os que não se fazem amar, os inumanos.
Companheiros, não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade!
No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro de vós todos! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas.
O poder de criar felicidade!
Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... e fazê-la uma aventura maravilhosa.
Portanto, em nome da democracia, usemos deste poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom, que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê fruto à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder.
Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem.
Jamais o cumprirão!
Os ditadores liberam-se, porém, escravizam o povo.
Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência.
Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à aventura de todos nós.
Em nome da democracia, unamo-nos.
Hannah, estás me ouvindo?
Onde te encontres, levanta os olhos!
Vês, Hannah?
O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam!
Estamos saindo das trevas para a luz!
Vamos entrando num mundo novo.
Um mundo melhor, em que as pessoas estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade.
Ergue os olhos, Hannah!
A alma das pessoas ganhou asas e afinal começa a voar.
Voar para o arco-íris, para a luz da esperança.
Ergue os olhos Hannah!
Ergue os olhos!"

O Grande Ditador
Charles Chaplin - 1940


Charles Chaplin era um deus. O mundo era seu. Foi o primeiro artista de dimensão universal. Chaplin foi provavelmente o homem mais famoso, o artista mais famoso do planeta. Via-se esse artista imenso enfrentar esse monstro gigantesco. Foi o maior duelo da história. Quando se está diante de regimes totalitários, da loucura que impõem ao mundo, não basta ter coragem. Precisa-se rir na cara deles. Gargalhar e dizer: "vocês não valem nada. Eu os descarto assim, dando uma gargalhada eterna, a gargalhada da aceitação que os dissolve".
Charles Chaplin, o vagabundo, e Adolf Hitler, o chefe da Alemanha, tinham mais em comum além do bigode. Nasceram na mesma semana, no mesmo mês, no mesmo ano. Pouco antes das consagração do vagabundo, Hitler era um vagabundo. Destes dois párias que deixaram a pátria para conquistar o mundo, um tornou-se o mais amado e o outro o mais odiado da sua época. Em todos os países Chaplin era o símbolo do riso. Hitler era o símbolo da destruição. Sua guerra custou 55 milhões de vidas. Mas nos anos 30 parecia invencível. O mundo todo tentava acalmá-lo. Em Hollywood, preferia-se o ignorar. Mas uma voz falaria pras multidões. Um homem desafiaria o chefe mais poderoso do mundo... Charlie Chaplin. Chaplin nunca falou no cinema antes desse filme. Achava que falando com o coração, poderia encurtar a guerra.


Assistido em: agosto de 2009.

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Charles Chaplin e Paulette Goddard.

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Paulette Goddard.

Tuesday, August 4

Guia cronológico dos filmes mais influentes de todos os tempos

Guia Ilustrado Zahar
Cinema

1- O nascimento de uma nação|1915
2- O Gabinete do dr. Caligari|1919
3- Nosferatu, o vampiro|1921
4- Nanook, o esquimó|1922
5- O encouraçado Potemkin|1925
6- Metropolis|1926
7- Napoleão|1927
8- Um cão andaluz|1928
9- O martírio de Joana d’Arc|1928
10- Sem novidade no front|1930
11- O anjo azul|1930
12- Luzes da Cidade|1931
13- Rua 42|1933
14- O diabo a quatro|1933
15- King Kong|1933
16- O Atalante|1934
17- Branca de Neve e os sete anões|1937
18- Olímpia|1938
19- A Regra do Jogo|1939
20- ...E o vento levou|1939
21- Núpcias de Escândalo|1940
22- Jejum de amor|1940
23- As vinhas da ira|1940
24- Cidadão Kane|1941
25- Relíquia Macabra|1941
26- Pérfida|1941
27- Ser ou não ser|1942
28- Nosso barco, nossa alma|1942
29- Casablanca|1942
30- Obsessão|1942
31- O boulevard do crime|1945
32- Neste mundo e no outro|1946
33- A felicidade não se compra|1946
34- Ladrões de bicicleta|1948
35- Carta de uma desconhecida|1948
36- Um país de anedota|1949
37- O terceiro homem|1949
38- Orfeu|1950
39- Rashomon|1950
40- Cantando na chuva|1952
41- Era uma vez em Tóquio|1953
42- Sindicato de ladrões|1954
43- Tudo o que o céu permite|1955
44- Juventude transviada|1955
45- A canção da estrada|1955
46- O mensageiro do diabo|1955
47- O sétimo selo|1957
48- Um corpo que cai|1958
49- Cinzas e diamantes|1958
50- Os incompreendidos|1959
51- Quanto mais quente melhor|1959
52- Acossado|1960
53- A doce vida|1960
54- Tudo começou no sábado|1960
55- A aventura|1960
56- O ano passado em Marienbad|1961
57- Lawrence da Arábia|1962
58- Dr. Fantástico|1964
59- A batalha de Argel|1966
60- A noviça rebelde|1965
61- Andrei Rublev|1966
62- The Chelsea Girls|1966
63- Bonnie e Clyde – uma rajada de balas|1967
64- Meu ódio será sua herança|1969
65- Sem destino|1969
66- O conformista|1969
67- O poderoso chefão|1972
68- Aguirre, a cólera dos deuses|1972
69- Nashville|1975
70- O império dos sentidos|1976
71- Táxi driver|1976
72- Noivo neurótico, noiva nervosa|1977
73- Star Wars|1977
74- O casamento de Maria Braun|1978
75- O franco-atirador|1978
76- ET, o extraterrestre|1982
77- Blade Runner, o caçador de andróides|1982
78- Paris,Texas|1984
79- Heimat|1984, 1992, 2005
80- Vá e veja|1985
81- Veludo Azul|1986
82- Shoah|1985
83- Uma janela para o amor|1985
84- Mulheres à beira de um ataque de nervos|1988
85- Cinema Paradiso|1989
86- Faça a coisa certa|1989
87- Lanternas vermelhas|1991
88- Os imperdoáveis|1992
89- Cães de Aluguel|1992
90- Trois couleurs|1993,1994
91- Através das Oliveiras|1994
92- Quatro casamentos e um funeral|1994
93- Toy Story|1995
94- Fargo – uma comédia de erros|1996
95- O tigre e o dragão|2000
96- Amor à flor da pele|2000
97- Traffic|2000
98- O senhor dos anéis|2001, 2002, 2003
99- Cidade de Deus|2002
100-Brilho eterno de uma mente sem lembranças|2004

[julho de 2009 - 13 filmes. 17|24|40|52|72|76|81|84|92|93|98|99|100]
[outubro de 2009 - 15. 67|50]

Dragões não conhecem o paraíso.

Tenho um dragão que mora comigo.

Não, isso não é verdade.

Não tenho nenhum dragão. E, ainda que tivesse, ele não moraria comigo nem com ninguém. Para os dragões, nada mais inconcebível que dividir seu espaço - seja com outro dragão, seja com uma pessoa banal feito eu. Ou invulgar, como imagino que os outros devam ser. Eles são solitários, os dragões. Quase tão solitários quanto eu me encontrei, sozinho neste apartamento, depois de sua partida. Digo quase porque, durante aquele tempo em que ele esteve comigo, alimentei a ilusão de que meu isolamento para sempre tinha acabado. E digo ilusão porque, outro dia, numa dessas manhãs áridas da ausência dele, felizmente cada vez menos freqüentes (a aridez, não a ausência), pensei assim: Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma que precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus, para não se perderem no caos da desordem sem nexo.

Isso me pareceu gradiloqüente e sábio como uma idéia que não fosse minha, tão estúpidos costumam ser meus pensamentos. E tomei nota rapidamente no guardanapo do bar onde estava. Escrevi também mais alguma coisa que ficou manchada pelo café. Até hoje não consigo decifrá-la. Ou tenho medo da minha - felizmente indecifrável - lucidez daquele dia.

Estou me confundindo, estou me dispersando.

O guardanapo, a frase, a mancha, o medo - isso deve vir mais tarde. Todas essas coisas de que falo agora - as particularidades dos dragões, a banalidade das pessoas como eu -, só descobri depois. Aos poucos, na ausência dele, enquanto tentava compreendê-lo. Cada vez menos para que minha compreensão fosse sedutora, e cada vez mais para que essa compreensão ajudasse a mim mesmo a. Não sei dizer. Quando penso desse jeito, enumero proposições como: a ser uma pessoa menos banal, a ser mais forte, mais seguro, mais sereno, mais feliz, a navegar com um mínimo de dor. Essas coisas todas que decidimos fazer ou nos tornar quando algo que supúnhamos grande acaba, e não há nada a ser feito a não ser continuar vivendo.

Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.
Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se não fosse nada.

Ninguém perguntará coisa alguma, penso. Depois continuo a contar para mim mesmo, como se fosse ao mesmo tempo o velho que conta e a criança que escuta, sentado no colo de mim. Foi essa a imagem que me veio hoje pela manhã quando, ao abrir a janela, decidi que não suportaria passar mais um dia sem contar esta história de dragões. Consegui evitá-la até o meio da tarde. Dói, um pouco. Não mais uma ferida recente, apenas um pequeno espinho de rosa, coisa assim, que você tenta arrancar da palma da mão com a ponta de uma agulha. Mas, se você não consegue extirpá-lo, o pequeno espinho pode deixar de ser uma pequena dor para se transformar numa grande chaga.

Assim, agora, estou aqui. Ponta fina de agulha equilibrada entre os dedos da mão direita, pairando sobre a palma aberta da mão esquerda. Algumas anotações em volta, tomadas há muito tempo, o guardanapo de papel do bar, com aquelas palavras sábias que não parecem minhas e aquelas outras, manchadas, que não consigo ou não quero ou finjo não poder decifrar.

Ainda não comecei.

Queria tanto saber dizer Era uma vez. Ainda não consigo.

Mas preciso começar de alguma forma. E esta, enfim, sem começar propriamente, assim confuso, disperso, monocórdio, me parece um jeito tão bom ou mau quanto qualquer outro de começar uma história. Principalmente se for uma história de dragões.

Gosto de dizer tenho um dragão que mora comigo, embora não seja verdade. Como eu dizia, um dragão jamais pertence a, nem mora com alguém. Seja uma pessoa banal igual a mim, seja unicórnio, salamandra, harpia, elfo, hamadríade, sereia ou ogro. Duvido que um dragão conviva melhor com esses seres mitológicos, mais semelhantes à natureza dele, do que com um ser humano. Não que sejam insociáveis. Pelo contrário, às vezes um dragão sabe ser gentil e submisso como uma gueixa. Apenas, eles não dividem seus hábitos.

Ninguém é capaz de compreender um dragão. Eles jamais revelam o que sentem. Quem poderia compreender, por exemplo, que logo ao despertar (e isso pode acontecer em qualquer horário, às três ou às onze da noite, já que o dia e a noite deles acontecem para dentro, mas é mais previsível entre sete e nove da manhã, pois essa é a hora dos dragões) sempre batem a cauda três vezes, como se tivessem furiosos, soltando fogo pelas ventas e carbonizando qualquer coisa próxima num raio de mais de cinco metros? Hoje, pondero: talvez seja essa a sua maneira desajeitada de dizer, como costumo dizer agora, ao despertar - que seja doce.

Mas no tempo em que vivia comigo, eu tentava - digamos - adaptá-lo às circunstâncias. Dizia por favor, tente compreender, querido, os vizinho banais do andar de baixo já reclamaram da sua cauda batendo no chão ontem às quatro da madrugada. O bebê acordou, disseram, não deixou ninguém mais dormir. Além disso, quando você desperta na sala, as plantas ficam todas queimadas pelo seu fogo. E, quanto você desperta no quarto, aquela pilha de livros vira cinzas na minha cabeceira.

Ele não prometia corrigir-se. E eu sei muito bem como tudo isso parece ridículo. Um dragão nunca acha que está errado. Na verdade, jamais está. Tudo que faz, e que pode parecer perigoso, excêntrico ou no mínimo mal-educado para um humano igual a mim, é apenas parte dessa estranha natureza dos dragões. Na manhã, na tarde ou na noite seguintes, quanto ele despertasse outra vez, novamente os vizinhos reclamariam e as prímulas amarelas e as begônias roxas e verdes, e Kafka, Salinger, Pessoa, Clarice e Borges a cada dia ficariam mais esturricados. Até que, naquele apartamento, restássemos eu e ele entre as cinzas. Cinzas são como sedas para um dragão, nunca para um humano, porque a nós lembra destruição e morte, não prazer. Eles trafegam impunes, deliciados, no limiar entre essa zona oculta e a mais mundana. O que não podemos compreender, ou pelo menos aceitar.

Além de tudo: eu não o via. Os dragões são invisíveis, você sabe. Sabe? Eu não sabia. Isso é tão lento, tão delicado de contar - você ainda tem paciência? Certo, muito lógico você querer saber como, afinal, eu tinha tanta certeza da existência dele, se afirmo que não o via. Caso você dissesse isso, ele riria. Se, como os homens e as hienas, os dragões tivessem o dom ambíguo do riso. Você o acharia talvez irônico, mas ele estaria impassível quanto perguntasse assim: mas então você só acredita naquilo que vê? Se você dissesse sim, ele falaria em unicórnios, salamandras, harpias, hamadríades, sereias e ogros. Talvez em fadas também, orixás quem sabe? Ou átomos, buracos negros, anãs brancas, quasars e protozoários. E diria, com aquele ar levemente pedante: "Quem só acredita no visível tem um mundo muito pequeno. Os dragões não cabem nesses pequenos mundos de paredes invioláveis para o que não é visível".

Ele gostava tanto dessas palavras que começam com in - invisível, inviolável, incompreensível -, que querem dizer o contrário do que deveriam. Ele próprio era inteiro o oposto do que deveria ser. A tal ponto que, quando o percebia intratável, para usar uma palavra que ele gostaria, suspeitava-o ao contrário: molhado de carinho. Pensava às vezes em tratá-lo dessa forma, pelo avesso, para que fôssemos mais felizes juntos. Nunca me atrevi. E, agora que se foi, é tarde demais para tentar requintadas harmonias.

Ele cheirava a hortelã e alecrim. Eu acreditava na sua existência por esse cheiro verde de ervas esmagadas dentro das duas palmas das mãos. Havia outros sinais, outros augúrios. Mas quero me deter um pouco nestes, nos cheiros, antes de continuar. Não acredite se alguém, mesmo alguém que não tenha um mundo pequeno, disser que os dragões cheiram a cavalos depois de uma corrida, ou a cachorros das ruas depois da chuva. A quartos fechados, mofo, frutas podres, peixe morto e maresia - nunca foi esse o cheiro dos dragões.

A hortelã e alecrim, eles cheiram. Quando chegava, o apartamento inteiro ficava impregnado desse perfume. Até os vizinhos, aqueles do andar de baixo, perguntavam se eu andava usando incenso ou defumação. Bem, a mulher perguntava. Ela tinha uns olhos azuis inocentes. O marido não dizia nada, sequer me cumprimentava. Acho que pensava que era uma dessas ervas de índio que as pessoas costumam fumar quando moram em apartamentos, ouvindo música muito alto. A mulher dizia que o bebê dormia melhor quando esse cheiro começava a descer pelas escadas, mais forte de tardezinha, e que o bebê sorria, parecendo sonhar. Sem dizer nada, eu sabia que o bebê sonhava com dragões, unicórnios ou salamandras, esse era um jeito do seu mundo ir-se tornando aos poucos mais largo. Mas os bebês costumam esquecer dessas coisas quanto deixam de ser bebês, embora possuam a estranha facilidade de ver dragões - coisa que só os mundos muito largos conseguem.

Eu aprendi o jeito de perceber quando o dragão estava a meu lado. Certa vez, descemos juntos pelo elevador com aquela mulher de olhos-azuis-inocentes e seu bebê, que também tinha olhos-azuis-inocentes. O bebê olhou o tempo todo para onde estava o dragão. Os dragões param sempre do lado esquerdo das pessoas, para conversar direto com o coração. O ar a meu lado ficou leve, de uma coloração vagamente púrpura. Sinal que ele estava feliz. Ele, o dragão, e também o bebê, e eu, e a mulher, e a japonesa que subiu no sexto andar, e um rapaz de barba no terceiro. Sorríamos suaves, meio tolos, descendo juntos pelo elevador numa tarde que lembro de abril - esse é o mês dos dragões - dentro daquele clima de eternidade fluida que apenas os dragões, mas só às vezes, sabem transmitir.

Por situações como essa, eu o amava. E o amo ainda, quem sabe mesmo agora, quem sabe mesmo sem saber direito o significado exato dessa palavra seca - amor. Se não o tempo todo, pelo menos quanto lembro de momentos assim. Infelizmente, raros. A aspereza e avesso parecem ser mais constantes na natureza dos dragões do que a leveza e o direito. Mas queria falar de antes do cheiro. Havia outros sinais, já disse. Vagos, todos eles.

Nos dias que antecediam a sua chegada, eu acordava no meio da noite, o coração disparado. As palmas das mãos suavam frio. Sem saber porque, nas manhãs seguintes, compulsivamente eu começava a comprar flores, limpar a casa, ir ao supermercado e à feira para encher o apartamento de rosas e palmas e morangos daqueles bem gordos e cachos de uvas reluzentes e berinjelas luzidias (os dragões, descobri depois, adoram contemplar berinjelas) que eu mesmo não conseguia comer. Arrumava em pratos, pelos cantos, com flores e velas e fitas, para que os espaços ficassem mais bonito.

Como uma fome, me dava. Mas uma fome de ver, não de comer. Sentava na sala toda arrumada, tapete escovado, cortinas lavadas, cestas de frutas, vasos de flores - acendia um cigarro e ficava mastigando com os olhos a beleza das coisas limpas, ordenadas, sem conseguir comer nada com a boca, faminto de ver. À medida que a casa ficava mais bonita, eu me tornava cada vez mais feio, mais magro, olheiras fundas, faces encovadas. Porque não conseguia dormir nem comer, à espera dele. Agora, agora vou ser feliz, pensava o tempo todo numa certeza histérica. Até que aquele cheiro de alecrim, de hortelã, começasse a ficar mais forte, para então, um dia, escorregar que nem brisa por baixo da porta e se instalar devagarzinho no corredor de entrada, no sofá da sala, no banheiro, na minha cama. Ele tinha chegado.

Esses ritmos, só descobri aos poucos. Mesmo o cheiro de hortelã e alecrim, descobri que era exatamente esse quando encontrei certas ervas numa barraca de feira. Meu coração disparou, imaginei que ele estivesse por perto. Fui seguindo o cheiro, até me curvar sobre o tabuleiro para perceber: eram dois maços verdes, a hortelã de folhinhas miúdas, o alecrim de hastes compridas com folhas que pareciam espinhos, mas não feriam. Pergunte o nome, o homem disse, eu não esqueci. Por pura vertigem, nos dias seguintes repetia quanto sentia saudade: alecrim hortelã alecrim hortelã alecrim hortelã alecrim.

Antes, antes ainda, o pressentimento de sua visita trazia unicamente ansiedade, taquicardias, aflição, unhas roídas. Não era bom. Eu não conseguia trabalhar, ira ao cinema, ler ou afundar em qualquer outra dessas ocupações banais que as pessoas como eu têm quando vivem. Só conseguia pensar em coisas bonitas para a casa, e em ficar bonito eu mesmo para encontrá-lo. A ansiedade era tanta que eu enfeiava, à medida que os dias passavam. E, quando ele enfim chegava, eu nunca tinha estado tão feio. Os dragões não perdoam a feiúra. Menos ainda a daqueles que honram com sua rara visita.

Depois que ele vinha, o bonito da casa contrastando com o feio do meu corpo, tudo aos poucos começava a desabar. Feito dor, não alegria. Agora agora agora vou ser feliz, eu repetia: agora agora agora. E forçava os olhos pelos cantos de prata esverdeadas, luz fugidia, a ponta em seta de sua cauda pela fresta de alguma porta ou fumaça de suas narinas, sempre mau, e a fumaça, negra. Naqueles dias, enlouquecia cada vez mais, querendo agora já urgente ser feliz. Percebendo minha ânsia, ele tornava-se cada vez mais remoto. Ausentava-se, retirava-se, fingia partir. Rarefazia seu cheiro de ervas até que não passasse de uma suspeita verde no ar. Eu respirava mais fundo, perdia o fôlego no esforço de percebê-lo, dias após dia, enquanto flores e frutas apodreciam nos vasos, nos cestos, nos cantos. Aquelas mosquinhas negras miúdas esvoaçavam em volta delas, agourentas.

Tudo apodrecia mais e mais, sem que eu percebesse, doído do impossível que era tê-lo. Atento somente à minha dor, que apodrecia também, cheirava mal. Então algum dos vizinhos batia à porta para saber se eu tinha morrido e sim, eu queria dizer, estou apodrecendo lentamente, cheirando mal como as pessoas banais ou não cheiram quando morrem, à espera de uma felicidade que não chega nunca. Ele não compreenderia. Eu não compreendia, naqueles dias - você compreende?

Os dragões, já disse, não suportam a feiúra. Ele partia quando aquele cheiro de frutas e flores e, pior que tudo, de emoções apodrecidas tornava-se insuportável. Igual e confundido ao cheiro da minha felicidade que, desta e mais uma vez, ele não trouxera. Dormindo ou acordado, eu recebia sua partida como um súbito soco no peito. Então olhava para cima, para os lados, à procura de Deus ou qualquer coisa assim - hamadríades, arcanjos, nuvens radioativas, demônios que fossem. Nunca os via. Nunca via nada além das paredes de repente tão vazias sem ele.

Só quem já teve um dragão em casa pode saber como essa casa parece deserta depois que ele parte. Dunas, geleiras, estepes. Nunca mais reflexos esverdeados pelos cantos, nem perfume de ervas pelo ar, nunca mais fumaças coloridas ou formas como serpentes espreitando pelas frestas de portas entreabertas. Mais triste: nunca mais nenhuma vontade de ser feliz dentro da gente, mesmo que essa felicidade nos deixe com o coração disparado, mãos úmidas, olhos brilhantes e aquela fome incapaz de engolir qualquer coisa. A não ser o belo, que é de ver, não de mastigar, e por isso mesmo também uma forma de desconforto. No turvo seco de uma casa esvaziada da presença de um dragão, mesmo voltando a comer e a dormir normalmente, como fazem as pessoas banais, você não sabe mais se não seria preferível aquele pântano de antes, cheio de possibilidades - que não aconteciam, mas que importa? - a esta secura de agora. Quando tudo, sem ele, é nada.

Hoje, acho que sei. Um dragão vem e parte para que seu mundo cresça? Pergunto - porque não estou certo - coisas talvez um tanto primárias, como: um dragão vem e parte para que você aprenda a dor de não tê-lo, depois de ter alimentado a ilusão de possuí-lo? E para, quem sabe, que os humanos aprendam a forma de retê-lo, se ele um dia voltar?

Não, não é assim. Isso não é verdade.

Os dragões não permanecem. Os dragões são apenas a anunciação de si próprios. Eles se ensaiam eternamente, jamais estréiam. As cortinas não chegam a se abrir para que entrem em cena. Eles se esboçam e se esfumam no ar, não se definem. O aplauso seria insuportável para eles: a confirmação de que sua inadequação é compreendida e aceita e admirada, e portanto - pelo avesso igual ao direito - incompreendida, rejeitada, desprezada. Os dragões não querem ser aceitos. Eles fogem do paraíso, esse paraíso que nós, as pessoas banais, inventamos - como eu inventava uma beleza de artifícios para esperá-lo e prendê-lo para sempre junto a mim. Os dragões não conhecem o paraíso, onde tudo acontece perfeito e nada dói nem cintila ou ofega, numa eterna monotonia de pacífica falsidade. Seu paraíso é o conflito, nunca a harmonia.

Quando volto apensar nele, nestas noites em que dei para me debruçar à janela procurando luzes móveis pelo céu, gosto de imaginá-lo voando com suas grandes asas douradas, solto no espaço, em direção a todos os lugares que é lugar nenhum. Essa é sua natureza mais sutil, avessa às prisões paradisíacas que idiotamente eu preparava com armadilhas de flores e frutas e fitas, quando ele vinha. Paraísos artificiais que apodreciam aos poucos, paraíso de eu mesmo - tão banal e sedento - a tolerar todas as suas extravagâncias, o que devia lhe soar ridículo, patético e mesquinho. Agora apenas deslizo, sem excessivas aflições de ser feliz.

As manhãs são boas para acordar dentro delas, beber café, espiar o tempo. Os objetos são bons de olhar para eles, sem muitos sustos, porque são o que são e também nos olham, com olhos que nada pensam. Desde que o mandei embora, para que eu pudesse enfim aprender a grande desilusão do paraíso, é assim que sinto: quase sem sentir.

Resta esta história que conto, você ainda está me ouvindo? Anotações soltas sobre a mesa, cinzeiros cheios, copos vazios e este guardanapo de papel onde anotei frases aparentemente sábias sobre o amor e Deus, com uma frase que tenho medo de decifrar e talvez, afinal, diga apenas qualquer coisa simples feito: nada disso existe.

Nada, nada disso existe.

Então quase vomito e choro e sangro quando penso assim. Mas respiro fundo, esfrego as palmas das mãos, gero energia em mim. Para manter-me vivo, saio à procura de ilusões como o cheiro das ervas ou reflexos esverdeados de escamas pelo apartamento e, ao encontrá-los, mesmo apenas na mente, tornar-me então outra vez capaz de afirmar, como num vício inofensivo: tenho um dragão que mora comigo. E, desse jeito, começar uma nova história que, desta vez sim, seria totalmente verdadeira, mesmo sendo completamente mentira. Fico cansado do amor que sinto, e num enorme esforço que aos poucos se transforma numa espécie de modesta alegria, tarde da noite, sozinho neste apartamento no meio de uma cidade escassa de dragões, repito e repito este meu confuso aprendizado para a criança-eu-mesmo sentada aflita e com frio nos joelhos do sereno velho-eu-mesmo:

- Dorme, só existe o sonho. Dorme, meu filho. Que seja doce.

Não, isso também não é verdade.

Caio Fernando Abreu.

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Caio Fernando Abreu.

idéias recicladas II

uns vinte dias após ter escrito tudo aquilo em um velho caderno de biologia. sentimentos verdes, alguém diria. não tiveram tempo de amadurercer.
melhor do que a tal sementinha, coitada, que nem germinar conseguiu. tudo muito precoce.
não adiantou de nada, viu? rasgou todas as folhas. arrancou uma a uma. mas não pôs fora. ficou tudo dentro de uma caixinha, junto com os sorrisos amarelos, com um punhado de lágrimas coloridas e com as palavras nunca pronunciadas. e junto com os tais sentimentos verdes. não queria dizer, mas foram arrancados de dentro dela, e rasgados. tais como as folhas.
agora vão se mudar para a caixinha chamada "o menino que se esconde". será um nome bom? a menina ainda aceita sugestões.

ah, o velho caderno deve ter chorado quando viu suas folhas serem arrancadas. chorou baixinho, penso, já que a menina nem ouviu. quando se tem tantas vozes sussurando dentro de si, os ouvidos ficam surdos a qualquer chamado que vem de fora. e ela espera sinceramente que a caixinha não volte a abrir. iria doer demais.

Monday, August 3

Bravo - 100 filmes essenciais da história do cinema

01. Cidadão Kane (1941), de Orson Welles
02. O Poderoso Chefão (1972), de Francis Ford Coppola
03. Sindicato de Ladrões (1954), de Elia Kazan
04. Um Corpo de Cai (1958), Alfred Hitchcock
05. Casablanca (1942), de Michael Curtiz
06. Oito e Meio (1963), de Federico Fellini
07. Lawrence da Arábia (1965), de David Lean
08. A Regra do Jogo (1939), de Jean Renoir
09. O Encouraçado Potemkin (1925), de Sergei Eisenstein
10. Rastros de Ódio (1956), de John Ford
11. Cantando na Chuva (1956), de Gene Kelly e Stanley Donen
12. Crepúsculo dos Deuses (1950), de Billy Wilder
13. Persona (1966), de Ingmar Bergman
14. O Mensageiro do Diabo (1955), de Charles Laughton
15. 2001 – Uma Odisséia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick
16. Os Sete Samurais (1954), de Akira Kurosawa
17. O Leopardo (1963), de Luchino Visconti
18. Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese
19. Era uma Vez em Tóquio (1953), de Yasujiro Ozu
20. Fitzcarraldo (1982), de Werner Herzog
21. Acossado (1959), de Jean-Luc Godard
22. Jules e Jim(1962), de François Truffaut
23. O Conformista (1970), de Bernardo Bertolucci
24. Em Busca do Ouro (1925), de Charles Chaplin
25. Metrópolis (1926), de Fritz Lang
26. O Sétimo Selo (1956), de Ingmar Bergman
27. A Aventura (1960), de Michelangelo Antonioni
28. Amarcord (1973), de Federico Fellini
29. Viridiana (1961), de Luis Buñuel
30. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), de Woody Allen
31. O Nascimento de uma Nação (1915), de D. W. Griffith
32. Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola
33. Era uma Vez no Oeste (1968), de Sérgio Leone
34. Assim Caminha a Humanidade (1956), de George Stevens
35. Psicose (1960), de Alfred Hitchcock
36. O Martírio de Joana D’Arc (1928)
37. Touro Indomável (1980), de Martin Scorsese
38. Olympia (1938), de Leni Riefenstahl
39. O Falcão Maltês (1941), de John Huston
40. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha
41. Dr. Fantástico (1964), de Stanley Kubrick
42. Roma, Cidade Aberta (1945), de Roberto Rossellini
43. A Doce Vida (1960), de Federico Fellini
44. Chinatown (1974), de Roman Polanski
45. A Felicidade Não se Compra (1946), de Frank Capra
46. ...E o Vento Levou (1939), de Victor Fleming
47. Tempos Modernos (1936), de Charles Chaplin
48. A Um Passo da Eternidade (1953), de Fred Zinnermann
49. O Sacrifício (1986), de Andrei Tartovski
50. Laranja Mecânica (1971), de Stanley Kubrick
51. A General (1927), de Buster Keaton
52. O Homem Elefante (1980), de David Lynch
53. O Mágico de Oz (1939), de Victor Fleming
54. Querelle (1982), de Rainer Werner Fassbinder
55. A Primeira Noite de um Homem (1967), de Mike Nichols
56. Morte em Veneza (1971), de Luchino Visconti
57. A Última Sessão de Cinema (1971), de Peter Bogdanovich
58. Os Bons Companheiros (1990), de Martin Scorsese
59. Blade Runner – O Caçador de Andróides (1982), de Ridley Scott
60. A Malvada (1950), de Joseph L. Mankiewicz
61. Nosferatu (1922), de Friedrich W. Murnau
62. O Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci
63. Ladrões de Bicicleta (1948), de Vittorio de Sica
64. Asas do Desejo (1987), de Wim Wenders
65. Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994), de Quentin Tarantino
66. Repulsa ao Sexo (1965), de Roman Polanski
67. Crimes e Pecados (1989), de Woody Allen
68. Uma Rua Chamada Pecado (1951), de Elia Kazan
69. Butch Cassidy e Sundance Kid (1969), de George Roy Hill
70. Os Imperdoáveis (1992), de Clint Eastwood
71. Patton – Rebelde ou Herói? (1969), de Franklin J. Schaffner
72. Tudo Sobre Minha Mãe (1999), de Pedro Almodóvar
73. Um Lugar ao Sol (1951), de George Stevens
74. Um Estranho no Ninho (1975), de Milos Forman
75. Amor à Flor da Pele (2000), de Wong Kar-Wai
76. Hiroshima, Meu Amor (1959), de Alain Resnais
77. Kaos (1984), de Irmaõs Taviani
78. Brazil, O Filme (1985), de Terry Gilliam
79. Quanto Mais Quente Melhor (1956), de Billy Wilder
80. Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles
81. Os Homens Preferem as Loiras (1953), de Howard Hanks
82. Um Cão Andaluz (1928), Luis Buñuel
83. Los Angeles – Cidade Proibida (1997), de Curtis Hanson
84. Pixote – A Lei do Mais Fraco (1981), de Hector Babenco
85. Ben-Hur (1959), de William Wyler
86. Fantasia (1940), de Walt Disney
87. Sem Destino (1969), de Dennis Hopper e Peter Fonda
88. Dogville (2003), de Lars Von Trier
89. O Império dos Sentidos (1976), de Nagisa Oshima
90. Um Convidado Bem Trapalhão (1968), de Blake Edwards
91. A Lista de Schindler (1993), de Steven Spielberg
92. Guerra nas Estrelas (1977), de George Lucas
93. O Pântano (2000), de Lucrecia Martel
94. Cabaré (1972), de Bob Fosse
95. Operação França (1971), de William Friedkin
96. King Kong (1933), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack
97. As Invasões Bárbaras (2003), de Denys Arcand
98. Fargo (1996), de Joel e Ethan Cohen
99. M.A.S.H. (1970), de Robert Altman
100. Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho

[julho de 2009. 12 filmes. 01|11|15|21|30|35|47|50|60|62|72|80]
[outubro de 2009. 17 filmes. 02|22|55|88|99]

Bravo - 100 Livros Essenciais da Literatura Brasileira

1. Memórias Póstumas De Brás Cubas, Machado De Assis
2. Dom Casmurro, Machado De Assis
3. Vidas Secas, Graciliano Ramos
4. Os Sertões, Euclides Da Cunha
5. Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa
6. A Rosa Do Povo, Carlos Drummond De Andrade
7. Libertinagem, Manuel Bandeira
8. Lavoura Arcaica, Raduan Nassar
9. A Paixão Segundo G.H., Clarice Lispector
10. Macunaíma — O Herói Sem Nenhum Caráter, Mário De Andrade
11. Lira Dos Vinte Anos, Álvares De Azevedo
12. O Tempo E O Vento, Erico Verissimo
13. Morte E Vida Severina, João Cabral De Melo Neto
14. Vestido De Noiva, Nelson Rodrigues
15. Serafim Ponte Grande, Oswald De Andrade
16. Crônica Da Casa Assassinada, Lúcio Cardoso
17. Os Escravos, Castro Alves
18. O Guarani, José De Alencar
19. Romanceiro Da Inconfidência, Cecília Meireles
20. Triste Fim De Policarpo Quaresma, Lima Barreto
21. São Bernardo, Graciliano Ramos
22. Laços De Família, Clarice Lispector
23. Sermões, Padre Vieira
24. As Meninas, Lygia Fagundes Telles
25. Sagarana, Guimarães Rosa
26. Nova Antologia Poética, Mário Quintana
27. Navalha Na Carne, Plínio Marcos
28. A Obscena Senhora D, Hilda Hilst
29. Nova Antologia Poética, Vinícius De Moraes
30. Brás, Bexiga E Barra Funda, Antônio De Alcântara Machado
31. Paulicéia Desvairada, Mário De Andrade
32. I-Juca Pirama, Gonçalves Dias
33. Baú De Ossos, Pedro Nava
34. A Vida Como Ela É, Nelson Rodrigues
35. A Alma Encantadora Das Ruas, João Do Rio
36. Estrela Da Manhã, Manuel Bandeira
37. Obra Poética, Gregório De Matos
38. Gabriela, Cravo E Canela, Jorge Amado
39. Marília De Dirceu, Tomás Antônio Gonzaga
40. Claro Enigma, Carlos Drummond De Andrade
41. Mar Absoluto, Cecília Meireles
42. Malagueta, Perus E Bacanaço, João Antônio
43. O Pagador De Promessas, Dias Gomes
44. Noite Na Taverna, Álvares De Azevedo
45. Romance D’a Pedra Do Reino E O Príncipe Do Sangue Do Vai-E-Volta, Ariano Suassuna
46. Bagagem, Adélia Prado
47. Viva O Povo Brasileiro, João Ubaldo Ribeiro
48. Memórias De Um Sargento De Milícias, Manuel Antônio De Almeida
49. Cartas Chilenas, Tomás Antônio Gonzaga
50. Canaã, Graça Aranha
51. Memórias Sentimentais De João Miramar, Oswald De Andrade
52. A Coleira Do Cão, Rubem Fonseca
53. Espumas Flutuantes, Castro Alves
54. Um Copo De Cólera, Raduan Nassar
55. A Estrela Sobe, Marques Rebelo
56. Poema Sujo, Ferreira Gullar
57. Lucíola, José De Alencar
58. O Ateneu, Raul Pompéia
59. Fogo Morto, José Lins Do Rego
60. O Quinze, Rachel De Queiroz
61. Seminário Dos Ratos, Lygia Fagundes Telles
62. Invenção De Orfeu, Jorge De Lima
63. Terras Do Sem Fim, Jorge Amado
64. Broquéis, Cruz E Souza
65. O Encontro Marcado, Fernando Sabino
66. A Moreninha, Joaquim Manuel De Macedo
67. Morangos Mofados, Caio Fernando Abreu
68. O Ex-Mágico, Murilo Rubião
69. O Picapau Amarelo, Monteiro Lobato
70. As Metamorfoses, Murilo Mendes
71. Harmada, João Gilberto Noll
72. Ópera Dos Mortos, Autran Dourado
73. O Cortiço, Aluísio Azevedo
74. A Escrava Isaura, Bernardo Guimarães
75. 200 Crônicas Escolhidas, Rubem Braga
76. O Vampiro De Curitiba, Dalton Trevisan
77. O Coronel E O Lobisomem, José Cândido De Carvalho
78. Os Ratos, Dyonélio Machado
79. O Analista De Bagé, Luis Fernando Verissimo
80. Febeapá, Stanislaw Ponte Preta
81. O Homem E Sua Hora, Mário Faustino
82. Catatau, Paulo Leminski
83. Os Cavalinhos De Platiplanto, José J. Veiga
84. Avalovara, Osman Lins
85. Eu, Augusto Dos Anjos
86. O Que É Isso, Companheiro?, Fernando Gabeira
87. O Braço Direito, Otto Lara Resende
88. Quarup, Antonio Callado
89. A Senhorita Simpson, Sérgio Sant’anna
90. Tremor De Terra, Luiz Vilela
91. Zero, Ignácio De Loyola Brandão
92. Galvez, Imperador Do Acre, Márcio Souza
93. Viva Vaia, Augusto De Campos
94. Galáxias, Haroldo De Campos
95. Inocência, Visconde De Taunay
96. Poesias, Olavo Bilac
97. O Tronco, Bernardo Élis
98. O Uraguai, Basílio Da Gama
99. Juca Mulato, Menotti Del Picchia
100. Contos Gauchescos, João Simões Lopes Neto

[julho de 2009. 8 livros. 02|12|24|57|66|67|79|100]
[agosto de 2009. 01]

Cinema II

O Nascimento do cinema de Hollywood

Pouco antes da I Guerra Mundial, a mudança de vários produtores independentes para um subúrbio a oeste de Los Angeles começou a formar o que hoje conhecemos como Hollywood. Graças ao espaço e à liberdade da região, cada vez mais filmes eram rodados lá. Surgia também o estrelato. A primeira a reivindicar o título de estrela foi Florence Lawrence, "a moça da biografia". Outros astros surgiam, os mais famosos mundialmente foram Mary Pickford, Douglas Fairbanks e Charlie Chaplin.

Mary Pickford foi uma atriz canadense radicada nos Estados Unidos. Ficou conhecida para o público como a "Queridinha dos EUA" ou a "Namoradinha da América". Uma das primeiras canadenses em Hollywood, ao longo dos anos se tornou uma famosa feminista. Foi a segunda atriz a ganhar o Oscar de Melhor Atriz Principal, em 1930, mostrando que continuaria famosa apesar da sonorização dos filmes. Se tornou em 1918 a atriz mais bem paga do cinema americano. Fez mais de 200 filmes, a maior parte deles ainda no cinema mudo.

Em 1918, se casou com o ator Douglas Fairbanks (famoso por diversas sátiras ao estilo de vida americano) e com ele formou um dos casais mais famosos do cinema. O casamento durou 18 anos e o casal, junto com Charlie Chaplin e Griffith, fundou a United Artists Corporation.

Os primeiros recordes de bilheteria:
1. FRA A saída da Fábrica Lumière, 1895.
2. FRA Demolição de um Muro (1º com efeitos especiais), 1895.
3. FRA O Regador Regado (1º comédia), 1895.
4. FRA Viagem à Lua, 1902.
5. EUA O grande roubo do trem, 1903.
6. FRA O melómano, 1903.
7. FRA Vinte Mil Léguas Submarinas, 1907.
8. FRA O túnel do Canal da Mancha, 1907.
9. EUA The Squaw Man (primeiro longa metragem de Hollywood), 1913.
10. EUA O nascimento de uma nação, 1915.

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Charlie Chaplin.

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Douglas Fairbanks e Mary Pickford.

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Mary Pickford.

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Florence Lawrence.

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Os Irmãos Lumière.

Cinema I

1895-1919 - O Nascimento do Cinema

Por que celebrou-se o centenário do cinema em 1995? Em 1891 Thomas Alva Edison patenteou a invenção do Cinetoscópio, dispositivo com visor e dentro do qual um rolo de 1,5m de filme rodava ininterruptantemente. Os primeiros filmes eram de dançarinas, animais amestrados e homens trabalhando. Retrocedendo ainda mais: o filme - imagens fotográficas impressas numa base de celulóide semitransparente cortada em fitas - foi inventado por Henry M. Reichenbach para Kodak, em 1889. Mas estamos falando da concepção do cinema, não de seu nascimento. Ainda faltava um passo para alcançar o tipo de filme que conhecemos.

Os Irmãos Lumière

Na França, os irmãos Auguste e Louis Lumière trabalhavam no estúdio fotográfico do pai, Antoine, em Lyons. Em 1894, o Cinematoscópio de Edison foi exibido em Paris, e, ali, Louis Lumière começou a desenvolver um máquina que competisse com ele. O Cinématographe, inicialmente uma câmera com projetor, foi patenteado em nome dos irmãos em 13.02.1895.
Sua primeira apresentação pública, em 28.12.1895, no Salon Indien do Grand Café, no Boulevard des Capucines de Paris, durou 20 min., com 10 filmes gravados por câmera imóvel com algumas cenas panorâmicas. O primeiro filme teria sido A saída da Fábrica Lumière (1895). Diz-se que o filme foi ensaiado, pois nenhum dos empregados olha para a câmera ou caminha em sua direção. Alguns dos primeiros filmes já produzidos podem ser vistos aqui.


O primeiro beijo do cinema.

adaptado de Guia Ilustrado Zahar - Cinema. Ronald Bergan.

Sunday, August 2

Bravo - 100 livros essenciais da literatura mundial

1. Ilíada, Homero
2. Odisséia, Homero
3. Hamlet, William Shakespeare
4. Dom Quixote, Miguel de Cervantes
5. A Divina Comédia, Dante Alighieri
6. Em Busca do Tempo Perdido, Marcel Proust
7. Ulysses, James Joyce
8. Guerra e Paz, Leon Tolstoi
9. Crime e Castigo, Dostoiévski
10. Ensaios, Michel de Montaigne
11. Édipo Rei, Sófocles
12. Otelo, William Shakespeare
13. Madame Bovary, Gustave Flaubert
14. Fausto, Goethe
15. O Processo, Franz Kafka
16. Doutor Fausto, Thomas Mann
17. As Flores do Mal, Charles Baldelaire
18. Som e a Fúria, William Faulkner
19. A Terra Desolada, T.S. Eliot
20. Teogonia, Hesíodo
21. As Metamorfoses, Ovídio
22. O Vermelho e o Negro, Stendhal
23. O Grande Gatsby, F. Scott Fitzgerald
24. Uma Estação No Inferno, Arthur Rimbaud
25. Os Miseráveis, Victor Hugo
26. O Estrangeiro, Albert Camus
27. Medéia, Eurípedes
28. A Eneida, Virgilio
29. Noite de Reis, William Shakespeare
30. Adeus às Armas, Ernest Hemingway
31. Coração das Trevas, Joseph Conrad
32. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley
33. Mrs. Dalloway, Virgínia Woolf
34. Moby Dick, Herman Melville
35. Histórias Extraordinárias, Edgar Allan Poe
36. A Comédia Humana, Balzac
37. Grandes Esperanças, Charles Dickens
38. O Homem sem Qualidades, Robert Musil
39. As Viagens de Gulliver, Jonathan Swift
40. Finnegans Wake, James Joyce
41. Os Lusíadas, Luís de Camões
42. Os Três Mosqueteiros, Alexandre Dumas
43. Retrato de uma Senhora, Henry James
44. Decameron, Boccaccio
45. Esperando Godot, Samuel Beckett
46. 1984, George Orwell
47. Galileu Galilei, Bertold Brecht
48. Os Cantos de Maldoror, Anais Nin
49. A Tarde de um Fauno, Mallarmé
50. Lolita, Vladimir Nabokov
51. Tartufo, Molière
52. As Três Irmãs, Anton Tchekov
53. O Livro das Mil e uma Noites
54. Don Juan, Tirso de Molina
55. Mensagem, Fernando Pessoa
56. Paraíso Perdido, John Milton
57. Robinson Crusoé, Daniel Defoe
58. Os Moedeiros Falsos, André Gide
59. Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis
60. Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
61. Seis Personagens em Busca de um Autor, Luigi Pirandello
62. Alice no País das Maravilhas, Lewis Caroll
63. A Náusea, Jean-Paul Sartre
64. A Consciência de Zeno, Italo Svevo
65. A Longa Jornada Adentro, Eugene O'Neill
66. A Condição Humana, André Malraux
67. Os Cantos, Ezra Pound
68. Canções da Inocência/ Canções do Exílio, William Blake
69. Um Bonde Chamado Desejo, Teneessee Williams
70. Ficções, Jorge Luis Borges
71. O Rinoceronte, Eugène Ionesco
72. A Morte de Virgilio, Herman Broch
73. As Folhas da Relva, Walt Whitman
74. Deserto dos Tártaros, Dino Buzzati
75. Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez
76. Viagem ao Fim da Noite, Louis-Ferdinand Céline
77. A Ilustre Casa de Ramires, Eça de Queirós
78. Jogo da Amarelinha, Julio Cortazar
79. As Vinhas da Ira, John Steinbeck
80. Memórias de Adriano, Marguerite Yourcenar
81. O Apanhador no Campo de Centeio, J.D. Salinger
82. Huckleberry Finn, Mark Twain
83. Contos de Hans Christian Andersen
84. O Leopardo, Tomaso di Lampedusa
85. Vida e Opiniões do Cavaleiro Tristram Shandy, Laurence Sterne
86. Passagem para a Índia, E.M. Forster
87. Orgulho e Preconceito, Jane Austen
88. Trópico de Câncer, Henry Miller
89. Pais e Filhos, Ivan Turgueniev
90. O Náufrago, Thomas Bernhard
91. A Epopéia de Gilgamesh
92. O Mahabharata
93. As Cidades Invisíveis, Italo Calvino
94. On the Road, Jack Kerouac
95. O Lobo da Estepe, Hermann Hesse
96. Complexo de Portnoy, Philip Roth
97. Reparação, Ian MacEwan
98. Desonra, J.M. Coetzee
99. As Irmãs Makioka, Junichiro Tanizaki
100 Pedro Páramo, Juan Rulfo

Essa coisa de fazer listas é muito interessante: a gente sempre discorda, sempre acha defeitos. Absolutamente compreensível, já que toda a unanimidade é burra. Não tenho a pretensão de ler todos, mas acho um desafio interessante ter uma lista nas mãos.

[julho de 2009. 7 livros. 23|35|50|62|75|78|93]
[agosto de 2009. 01]

Comédias da vida privada

Conto erótico. "Lambo você todinha", disse o homem no ouvido da mulher, no elevador. A mulher firme. Silêncio. No décimo andar, o homem falou de novo. "Lambo... Palavra engraçada, né?" Nunca tinha se dado conta. Está bem, mais ou menos erótico.

O Melhor das Comédias da Vida Privada
Luis Fernando Veríssimo


Ótimo livro. Leve, engraçado, inusitado. Os inesquecíveis: O marido do Dr. Pompeu, Cuecas, João e Maria, A mulher do Silva, Rosamaria, Trinta anos, Negar fogo, o Murilinho, Posto 5, Sala de Espera, Lixo, Uma surpresa para Daphne, Enquanto Dure, Persuasão, O Mendoncinha, Flagrante de Praia, Diálogo, Os Quarenta.... O bom é que, sempre que se quiser relembrar, a grande maioria dos contos está disponível na internet. Um dos meus preferidos:

Os quarenta


Um dia você recebe pelo correio a comunicação de que foi escolhido como um dos Quarenta. Só isso. Você é um dos Quarenta. Não há outras informações. Quarenta o quê? A comunicação não diz.

Você não liga. Deve ser propaganda. Depois certamente chegará um prospecto com ofertas para você, que é um homem de gosto apurado, um homem que, afinal, pertence ao exclusivo grupo dos Quarenta etc. Talvez seja uma coleção de livros ou uma linha de artigos de toalete, a preços especiais para 40 privilegiados como você.

Mas não. Durante muito tempo você não recebe mais nada. Até esquece do assunto. E um dia recebe pelo correio um cartão bem impresso, em relevo, com seu nome seguido da frase “Um dos Quarenta” e num canto o número 26.

Como o primeiro envelope, este não tem nem o nome nem o endereço do remetente. Aí você se dá conta de que também não há carimbo do correio. O envelope foi entregue diretamente na sua porta.

Você fica intrigado. Pergunta a amigos se eles sabem alguma coisa sobre os Quarenta.

- Quarenta o quê?

Você não sabe. Só sabe que é um deles. Ninguém jamais ouviu falar nos Quarenta. Ninguém das suas relações recebeu nada parecido. Você começa a fazer fantasias. Pertence a uma elite, mesmo que não saiba qual. As 40 pessoas mais… o quê? Não importa. Você é um dos 40 mais alguma coisa do Brasil. Ou será do mundo? Há algo que o distingue do resto da humanidade. Por quê, você não sabe. Quem o escolheu? Também não sabe. Mas não deixa de ser uma sensação boa se sentir um dos Quarenta. Nem todo mundo pode ser um dos Quarenta. Só 40.

Você começa a usar seu cartão dos Quarenta na carteira. Quem sabe? Um dia ele pode servir para alguma coisa.

- Você sabe com quem está falando? Sou um dos Quarenta.

Passam-se meses e chega outra informação. Haverá uma reunião dos Quarenta! Você deve aguardar informações sobre local, data, transporte, acomodações…

Sua curiosidade aumenta. Você finalmente vai conhecer a misteriosa irmandade à qual pertence. Quem serão os outros 39?

Mas as informações não chegam. Chega, um dia, um telegrama. Também sem nome ou endereço de remetente. O telegrama diz:

“NÃO VAH REUNIÃO QUARENTA PT EH ARMADILHA”.

É brincadeira. Agora você sabe que é brincadeira. Mas que brincadeira boba e cara, com telegramas, cartões em relevo…

No dia seguinte, toca o telefone. É noite, você está sozinho em casa, e toca o telefone. Você atende.

É uma voz engasgada. A voz de um homem agonizante.

- Fuja… – diz a voz, com muito esforço.
- O quê?
- Fuja! Eles estão nos eliminando, um a um…
- Que-quem são eles?
- Não interessa. Fuja enquanto é tempo!
- Mas eu…
- Não perca tempo! Eles me pegaram. Estou liquidado.
- Quem é você?
- O número 25…

Há um silêncio. Depois você ouve pelo fone o ruído borbulhante que faz o sangue quando sobe pela garganta de alguém. Você precisa saber uma coisa. Você grita:

- Quem somos nós?

Mas agora o silêncio do outro lado é completo.

E então você vê que estão tentando forçar a sua porta.



Lido em julho/agosto de 2009.

Friday, July 31

idéias recicladas

quem dera não sentir tanta coisa assim, de uma só vez.
quem dera poder não sentir nada. só de vez em quando. só um pouquinho.

sobre o real e o imaginário

"É injusto matar-se um homem por ter tirado dinheiro de outrem,desde que a sociedade humana não pode ser organizada de modo a garantir para cada um uma igual porção de bens"

" A morte é uma pena injusta e inútil; é bastante cruel para punir o roubo, mas bastante fraca para impedi-lo".

"Em toda a parte onde a propriedade for um direito individual, onde todas as coisas se medirem pelo dinheiro, não se poderá jamais organizar nem a justiça nem a prosperidade social".

A Utopia
Thomas Morus


Bom, o livro todo traz idéias e ideais maravilhosos, muitas soluções para graves problemas, mas não é nem um pouco simples. A sociedade é totalmente voltada ao consumismo, ao ter ao invés de ser. Mesmo tudo isso sendo possível, demoraria séculos para toda a população mudar tão drasticamente de pensamento.

Lido em: julho de 2009

sobre a morte

Não chorei; lembra-me que não chorei durante o espetáculo: tinha os olhos estúpidos, a garganta presa, a consciência boquiaberta. Que? Uma criatura tão dócil, tão meiga, tão santa, que nunca jamais fizera verter uma lágrima de desgosto, mãe carinhosa, esposa imaculada, era força que morresse assim trateada, mordida pelo dente tenaz de uma doença sem misericórdia? Confesso que tudo aquilo me pareceu obscuro, incongruente, insano...
Triste capítulo; passemos a outro mais alegre.


Memórias Póstumas de Brás Cubas
Machado de Assis


Não saber o que falar. Era como uma segunda mãe. Ela é como uma irmã. Sentimentos.
Nem terminei de ler o livro, mas essa traduz essas coisas doidas que estão passando pela minha cabeça agora. Grande Machado.

Lido em: julho/agosto 2009

Wednesday, July 22

Seus telefonemas ás três da madrugada
suas recaídas nas drogas e nos passeios sem rumo
seu latente projeto de suicídio
suas repentinas tiranias (“venha logo ou me jogo pela janela”)
a interminável confidência entre uísque e cigarro.

Os Prêmios
Julio Cortázar.


Lido em: algum mês de 2008.
(meu deus, eu amo esse cara).